Nos dias 04 e 05 de junho, a ActionAid promoverá o “Seminário Racismo Ambiental”. O encontro será realizado das 09h30 às 17h (horário de Brasília), no Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ, no Flamengo, Zona Sul do Rio. Com transmissão gratuita através do link: https://www.youtube.com/@EBCnaRede, o evento é uma parceria com Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com a Empresa Brasileira de Comunicação (EBC), com o Centro Brasileiro de Justiça Climática (CBJC) e com apoio da Fundação Heinrich Böll e do Projeto SETA (Sistema de Educação por uma Transformação Antirracista), o encontro debaterá o tema Racismo Ambiental, ainda pouco conhecido pela população, mas testemunhado pela ActionAid nos territórios em que atua no Brasil há 25 anos. Durante o seminário, pautas como insegurança alimentar e mulheres negras; mobilidade urbana e ocupação das cidades; tecnologias sociais e políticas públicas para questões climáticas, ambientais e agrárias serão discutidas. A agenda tem como objetivo fortalecer a articulação e os diálogos entre as organizações comunitárias, instituições, setor privado e movimentos sociais de comunidades rurais e urbanas.
Para Ana Paula Brandão, Diretora Programática da ActionAid, ainda existe pouca discussão sobre Racismo Ambiental e o seminário é uma oportunidade para especialistas, governo e movimentos sociais dialogarem e produzirem conhecimento sobre o assunto. “Nosso objetivo é estimular o debate sobre o quão desigual é o impacto das mudanças climáticas e o que precisa ser feito para superá-lo, mas também expandir o olhar sob outras perspectivas: historicamente, quem tem direito pleno à cidade e ao campo? Quem tem voz nas tomadas de decisões? Assim, a questão de raça e gênero precisa estar no centro dessa conversa, pois sabemos que esses são os grupos mais vulneráveis e suscetíveis às violações de direitos, mas também agentes de soluções efetivas”, analisa.
“Embora a conceituação do racismo ambiental seja relativamente recente, práticas, políticas e ações relacionadas às questões ambientais que tenham uma ligação direta com a luta por justiça racial são fundamentais. O enfrentamento por justiça social e ambiental é uma luta histórica por igualdade racial, tendo em vista o nosso processo de colonização e escravização de populações negras e indígenas”, comenta Junior Aleixo, Especialista de Justiça Climática na ActionAid.
Apenas 24% da população sabe o que é ou já ouviu falar em Racismo Ambiental
A pesquisa “Percepções sobre Racismo no Brasil”, encomendada pelo Projeto SETA , iniciativa realizada pela ActionAid, e o Instituto de Referência Negra Peregum ao IPEC, mostrou que apenas 24% da população sabe o que é ou já ouviu falar em Racismo Ambiental. De acordo com o Centro de Estudos Estratégicos da Fiocruz, o termo Racismo Ambiental se refere a uma forma de desigualdade socioambiental que afeta, principalmente, as comunidades marginalizadas e populações negras e indígenas.
A recente tragédia climática que acometeu o estado do Rio Grande do Sul aponta a necessidade de amadurecimento e de debates sobre o assunto. Áreas historicamente marginalizadas, como favelas e comunidades quilombolas, possuem mais riscos de inundações e, possivelmente, terão mais dificuldades para se reerguerem devido à falta de suporte do poder público.
De acordo com um levantamento da Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (Conaq), organização que compõe a aliança do SETA, o estado gaúcho possui 145 quilombos, distribuídos por 70 municípios e todos foram atingidos pelas enchentes. Aproximadamente 17.500 quilombolas sofrem com os impactos da tragédia.
Para Aleixo, para combater as mudanças climáticas, é imprescindível que uma educação antirracista esteja diretamente integrada ao ensino ecológico, que discuta o que é racismo, justiça social e meio ambiente. “O racismo ambiental é incompatível com esforços para que se possa combater de maneira efetiva as mudanças climáticas, e uma educação antirracista e ecológica é essencial para mudar esse quadro”, salienta o especialista.
ActionAid
A organização internacional atua em prol da justiça social, equidade de gênero e étnico-racial e o fim da pobreza, em mais de 70 países, por meio de parcerias com outras organizações e movimentos sociais. Em 2024, celebramos 25 anos de atuação no Brasil, onde já atuamos em mais de 2.400 comunidades e beneficiamos mais de 300 mil pessoas.
Seminário Racismo Ambiental
Data: 04 e 05 de junho
Horário: das 09h30 às 17h (horário de Brasília)
Transmissão: https://www.youtube.com/@EBCnaRede
Programação
Dia 1:
9h30 às 12h – Mesa de Abertura: Racismo ambiental: o que isso tem a ver com o seu quintal?
Participantes: Thuane Nascimento (PerifaConnection), Ana Paula Brandão (ActionAid), Andréia Coutinho (Centro Brasileiro de Justiça Climática), Acácio Jacinto (EBC), Roberto Medronho (Reitor UFRJ). Mediação: Junior Aleixo (Actionaid);
11h às 12h – Interação com a plateia / perguntas;
14h às 15h30 – Território de Partilha: Produção de dados nas quebradas
Participantes: Kayo Moura (LabJaca), Fran Paula (CONAQ), Naira Santa Rita e Matheus Pereira (Instituto DuClima). Mediação: Maurício Dutra (Redes da Maré);
15h30h às 17:30h – Mesa: Repensando uma educação ambiental antirracista: infância, juventude e clima
Participantes: Thuérzia Souza (Projeto Meninas em Movimento Pela Educação – CMC), Carolina Silva (Vínculos Solidários). Mediação: Luciana Ribeiro (Projeto SETA);
DIA 2
9h30 às 10h30 – Território de Partilha: Defensoras da terra e do clima: extrativismo e cuidado
Participantes: Beatriz Nunes (Acquilerj), Zezé Pacheco (CPP), Maria Ednalva Ribeiro da Silva (MIQCB). Mediação: Sarah Moreira (GT Mulheres da Articulação Nacional de Agroecologia);
10h30 às 12h30 – Mudanças Climáticas, Mobilidade Urbana e Ocupação das Cidades
Participantes: João Paulo Serra (Tapajós de Fato), Carlos Humberto (Diáspora Black), Sarah Marques (Caranguejo Tabaiares). Mediação: Mirella Novaes (UNAS – Observatório de Olho na Quebrada);
14h às 15h30 – Mesa: Políticas públicas de enfrentamento ao racismo ambiental, para questões climáticas, ambientais e agrárias
Participantes: Tainá de Paula (Vereadora do município do Rio de Janeiro), Mônica Cunha (vereadora do município do Rio de Janeiro), Roselita Vitor (Polo da Borborema). Mediação: Dandara Oliveira (ActionAid);
15h30h às 17h – Encerramento: Entre o rural e o urbano: a produção espacial do racismo ambiental
Participantes: Raimundo M. Benjamim (Ray Baniwa) e nomes a confirmar. Mediação: Junior Aleixo (Actionaid).