Sete samurais

por Redação
Sete samurais

A coreógrafa e diretora Laura Samy inspira-se no mito dos guerreiros japoneses para tratar da resiliência e da função do artista no mundo de hoje. As apresentações acontecem de 08 a 18 de setembro no Sesc Copacabana (mezanino), com ingressos a R$ 30

O samurai foi uma peça-chave para o Japão feudal. Os guerreiros valorizavam a honra e sua imagem pública. Tais valores eram mais importantes do que a própria vida. O cineasta Akira Kurosawa (1910-1998) usou dessa figura mítica para criar uma fábula. Numa época em que os samurais estavam obsoletos, uma região é saqueada e sua população recorre a um mestre, que recruta seis outros guerreiros para ensinar-lhes técnicas de autodefesa. “Os sete samurais” (1954) rendeu ao diretor prêmios como o Leão de Prata no Festival de Veneza. No Brasil de hoje, ter uma função e perdê-la têm sido constante na cabeça da coreógrafa Laura Samy. A diretora inspirou-se no filme para elaborar seu novo espetáculo, Sete samurais, cuja premissa parte da função social do artista para tratar de temas como intolerância,  violência, além de resgatar referências como a disciplina – fundamental para a dança. Laura divide a criação e a cena com o bailarino, ator e diretor Renato Linhares e com os bailarinos Raphael Duarte e Werik Marone – estes egressos de manifestações urbanas da dança. Somam-se a eles o compositor Sasha Amback, autor da trilha, Tainã Miranda (iluminação) e Paula Ströher (figurinos). E o resultado é pungente e pode ser conferido no Mezanino do Sesc Copacabana de 08 a 18 de setembro, quinta a domingo, às 20h30m, com ingressos a R$ 30.

O espetáculo é composto por 13 cenas ou quadros, se considerarmos a forte carga imagética de cada um. A grande maioria é composta por duos e muitos dos movimentos – ou mesmo das coreografias – surgem a partir do chão. Os corpos germinam e ganham vida suscitando outros biomas e espaços físicos. Ao mesmo tempo em que crescem, fragmentam-se. Num dos quadros, uma tela estabelece essa divisão. Os corpos adquirem uma dimensão cubista como na pintura de Picasso: ora formados somente por pés ou mãos e assim por diante.

Essa fragmentação volta pelo uso de outros objetos ou adereços. Há um solo em que Laura está coberta por panos como se por outras peles. O quadro em questão ganha vida a partir da expressividade do rosto da bailarina-atriz – a começar por seus olhos. A sutileza é um recurso presente no trabalho, cujos quadros são pontuados por forças que se contrapõem e complementam-se. E a sutileza é uma delas – fundamental no butô e na dança oriental em si.

A delicadeza surge, em diferentes momentos, em contrapartida às movimentações bruscas, ou mesmo ritmadas, como a da própria dança de rua (street dance). Essa dialética de estilos e forças estabelece-se também no contracenar dos atores-bailarinos. A proximidade dos corpos fica no limiar entre a tensão e a serenidade, atração e a repulsa, Eros X Thánatos, yin-yang.

A dialética entre forças, pensamentos ou leis é uma marca na filosofia oriental, em práticas que vão desde o budismo às artes marciais. O mundo contemporâneo está pautado por uma dialética: a polarização de pensamentos. E tal questão não é (e nem pode ser) ignorada pela arte. E, no melhor estilo Brechtniano, Laura Samy e seus bailarinos trazem do passado a inspiração para que possamos ver (e pensar) a atualidade. Que bom que isso é possível.

 Ficha técnica:

  • Direção: Laura Samy
  • Dramaturgia: Laura Samy e Renato Linhares
  • Intérpretes: Laura Samy, Raphael Duarte (RPop), Renato Linhares e Werik de Souza (Kikinho)
  • Iluminação e Operação de luz: Tainã Miranda
  • Trilha Sonora Original: Sacha Amback
  • Figurino: Paula Ströher
  •   Programação visual: Christian Proença
  • Fotografia: João Penoni
  • Assessoria de imprensa: Christovam de Chevalier
  • Direção de Produção: Aline Carrocino (Alce Produções)
  • Produção Executiva: Marcelo Aoila e Igor Veloso

Serviço:

Sete samurais

  • Gênero: dança\performance
  • Temporada: de 08 a 18 de setembro, de quinta a domingo
  • Horário: 20h30m
  • Local: Mezanino do Sesc Copacabana (Rua Domingos Ferreira, 160, Copacabana. Tel: 2547-0156)
  • Ingressos: R$ 7,50 (associado do Sesc), R$ 15 (meia-entrada) e R$ 30 (inteira)
  • Funcionamento bilheteria: das 9h às 20h (terça a sexta) e das 13h às 20h (sábados, domingos e feriados)
  • Classificação indicativa: 14 anos

Duração: 80 min

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