As novas diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) prometem mudar a forma como médicos e pacientes brasileiros encaram a prevenção de doenças cardiovasculares. A entidade revisou em setembro de 2025 os parâmetros de colesterol e pressão arterial, tornando as metas mais rígidas e criando uma nova categoria de risco extremo — medida que reflete a preocupação crescente com o diagnóstico precoce e o controle mais efetivo dos principais fatores de risco do coração.
A nova Diretriz de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose reduziu as metas para o colesterol LDL (“colesterol ruim”) em praticamente todas as faixas de risco. Pacientes de baixo risco agora devem manter o LDL abaixo de 115 mg/dL, enquanto os de alto risco devem atingir menos de 70 mg/dL. Para quem se enquadra no novo grupo de risco extremo, a meta é ainda mais rígida: abaixo de 40 mg/dL.
Segundo a cardiologista Dra. Isa Bragança, diretora da clínica Cardiomex, na Barra da Tijuca, o ajuste é um passo importante na prevenção. “Essas metas mais exigentes nos fazem agir antes que o problema apareça. Muitos pacientes que antes estavam em uma zona de conforto agora precisam de acompanhamento mais próximo e mudanças no estilo de vida”, explica a especialista.
Além do LDL, o colesterol não-HDL passa a ser considerado uma meta coprimária, reforçando a importância de controlar todas as partículas de gordura ligadas ao risco cardiovascular. “Quando avaliamos o colesterol de forma mais ampla, conseguimos identificar riscos que o LDL isolado pode não mostrar. Isso ajuda a personalizar o tratamento e reduzir eventos graves, como infarto e AVC”, afirma Dra. Isa.
Pressão arterial: 12 por 8 agora é pré-hipertensão
A SBC, em conjunto com a Sociedade Brasileira de Hipertensão (SBH) e a Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), também revisou a Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial, reclassificando as faixas de normalidade. A principal mudança é que a pressão 12 por 8 (120/80 mmHg) deixa de ser considerada ideal e passa a ser pré-hipertensão. O novo parâmetro de normalidade é abaixo de 120/80 mmHg, enquanto o controle ideal para quem já tem hipertensão deve ficar abaixo de 130/80 mmHg.
Para Dra. Isa Bragança, a alteração representa uma mudança de mentalidade no cuidado com o coração: “A pressão 12 por 8 sempre foi vista como sinônimo de saúde, mas hoje sabemos que esse valor já pode sinalizar um início de risco. O objetivo não é medicar todo mundo, mas reconhecer precocemente quem precisa ajustar hábitos antes que a doença se instale”, destaca.
Segundo a médica, a nova classificação permitirá atuar mais cedo com medidas não farmacológicas — como alimentação equilibrada, redução de sal, prática de exercícios e controle do estresse. “Essas orientações passam a ser indicadas já para quem apresenta valores de pré-hipertensão. Pequenas mudanças de rotina, quando adotadas a tempo, evitam o uso de remédios no futuro”, complementa.
Mais prevenção e menos tolerância ao risco
Com as novas diretrizes, o conceito de prevenção cardiovascular ganha nova dimensão. A meta, segundo a SBC, é reduzir os índices de infarto e AVC em um país onde as doenças cardiovasculares continuam sendo a principal causa de morte. “É uma mudança de paradigma. Vamos precisar olhar com mais atenção para pacientes que antes não chamavam a atenção nos exames. A mensagem é clara: quanto mais cedo identificamos e corrigimos fatores de risco, menor é a chance de desenvolver doenças graves”, conclui Dra. Isa Bragança.
Cardiomex
A Cardiomex é uma clínica de referência em cardiologia, localizada na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Sob direção da Dra. Isa Bragança, a clínica atua com foco em prevenção, diagnóstico e acompanhamento personalizado de doenças cardiovasculares, combinando tecnologia, ciência e cuidado humanizado.
