“O Sambenito Amarelo” é o novo livro do escritor gaúcho Roberto Blattes, que será lançado no próximo dia 22/7, às 19h, na Livraria da Travessa de Ipanema, e no dia 2/8, às 14h, na Flip, na Casa Queer. Ambientado na juderia de Córdoba no século XV, em pleno avanço da Inquisição Espanhola, a obra narra a história de Shamir e Gabriel, dois judeus que, em meio ao terror religioso, vivem um amor proibido. A cada página, o romance, que sai pela editora Edições Cândido, resgata vozes apagadas da história e propõe uma profunda reflexão sobre intolerância, resistência e o direito de existir.
– Em 2016, em uma viagem pela Andaluzia, o esboço de “O Sambenito Amarelo” começou a se desenhar, quase por encanto, em minha mente. Percorrendo as ruas de Córdoba, senti uma inquietação profunda, como se as pedras antigas, cúmplices de tantas histórias, sussurrassem segredos. Aquelas paredes desgastadas pelo tempo pareciam carregadas das dores de almas que o passado tentou silenciar. Meus amigos Antônio Fabio e Diodinis caminhavam alheios ao murmúrio desses ecos invisíveis. Enquanto eu parecia adentrar uma dimensão onde vozes ressoavam e pediam por redenção – explica o autor.
Blattes mergulha com precisão em registros históricos da época, evocando o medo, a perseguição e a teatralidade dos tribunais do Santo Ofício, especialmente nos processos contra os chamados sodomitas. Mas o livro não é apenas uma denúncia do horror inquisitorial — é, sobretudo, um testemunho da beleza e da força de um amor que se recusa a ser apagado.
– Assim nasceu a ideia de um novo livro, uma narrativa que daria vida a figuras fictícias como Shamir, Gabriel, Joasaf e Gita. Cada um deles, sob o peso de dores reais, carregava a resistência de quem tentou não sucumbir ao medo. O sambenito amarelo, aquele manto de humilhação que o poder inquisidor impunha aos condenados, revelou-se em minha mente como símbolo central dessa narrativa. Usado para marcar e expor os que desafiavam o sistema, ele se transformou, para mim, em algo contraditório: uma insígnia de vergonha e, ao mesmo tempo, um emblema de resistência – comenta Blattes.
Com densidade psicológica e uma escrita literária sofisticada, “O Sambenito Amarelo” transforma a dor da exclusão em arte e memória. Em suma: coloca no centro da narrativa o amor entre dois homens com rigor, sensibilidade e coragem.
Blattes conta que levou cerca de dois anos para escrever o livro, mas a história começou a rondar sua cabeça muito antes, como um sussurro que atravessou o tempo: “O romance entre judeus perseguidos pela Inquisição nasceu de uma inquietação íntima diante das muitas formas de intolerância que ainda hoje nos atravessam. A escrita de O Sambenito converteu-se em um propósito. Assumi a responsabilidade de resgatar o passado, de conceder dignidade aos que foram condenados ao esquecimento, de sustentar, através da ficção, a resistência de uma comunidade que sobreviveu nas margens do tempo”.
“O Sambenito Amarelo” representa mais do que um romance histórico: é um resgate de vozes silenciadas, um manifesto literário contra os preconceitos que atravessam os séculos. Uma obra que afirma o direito de amar, resistir e existir.
– Embora viva no Rio de Janeiro há mais de três décadas, foi em minhas viagens e pesquisas — inclusive por Córdoba, na Espanha — que fui costurando a trama com as vozes que pareciam ecoar das pedras. Agora, com o lançamento no Rio, começo uma travessia que espero que percorra outras cidades. Já há convites para São Paulo, Curitiba e Brasília. E sigo, como todo escritor, caminhando com meus personagens, mesmo depois de fechar o livro – acrescenta Blattes.
Lembrando que o autor Roberto Blattes também estará na Flip, lançando o livro na Casa Queer, no dia 2/8, em Paraty. E no dia 6/8, tem agenda marcada na Biblioteca Parque no Rio de Janeiro. “O Sambenito Amarelo” também terá pautas de lançamento, posteriormente, em São Paulo, Brasília e Curitiba.
O autor
Roberto Blattes é escritor, jornalista, publicitário, palestrante e gestor cultural. Com formação em Comunicação Social e Pós-Graduação em Marketing, soma vasta experiência como gestor em instituições de destaque, como o Sesc Rio, a Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro e a Orquestra Sinfônica Brasileira.
Natural de Santa Maria (RS) e radicado no Rio de Janeiro, Blattes é autor de:
“Lorenza, a Magnífica – A Rainha de Duas Cabeças” (Florence renascentista)
“O Meu Sangue Ferve” (anos 1970, sul do Brasil)
SERVIÇO
Eventos de lançamento do livro “O Sambenito Amarelo”
De Roberto Blattes
Data: 22 de julho (terça-feira)
Horário: 19h
Local: Livraria da Travessa de Ipanema
Endereço: Rua Visconde de Pirajá 572. IPANEMA, Rio de Janeiro – RJ
O evento será aberto ao público, com sessão de autógrafos. Entrada gratuita.
Data: 2 de agosto (sábado)
Horário: 14h
Casa Queer
Mesa 13
Local: Flip. PARATY – RJ
