Tia Ju leva denúncia à Deam da Gávea após caso de agressões verbais e misoginia no metrô do Rio

Parlamentar e Procuradora da Mulher da Alerj pede apuração rigorosa contra dois homens que insultaram mais de 50 passageiras em vagão exclusivo para mulheres; caso chocou o país após viralizar nas redes sociais

por Ana Magal

Rio, 14/10 – A deputada estadual Tia Ju (Republicanos), Procuradora da Mulher da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), apresentou nesta terça-feira (14) uma denúncia formal na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) da Gávea, pedindo investigação e responsabilização criminal de dois homens que proferiram ofensas sexuais e misóginas contra dezenas de passageiras em um vagão exclusivo para mulheres do metrô carioca. A parlamentar foi recebida pela delegada titular Rosa Carvalho dos Santos, que conduzirá os procedimentos investigativos.

O episódio ocorreu na estação Cantagalo, em Copacabana, na última segunda-feira (6), mas só ganhou grande repercussão nas redes sociais na sexta (10), após a divulgação de vídeos mostrando os agressores sendo retirados do vagão por agentes do MetrôRio.

De acordo com o relato encaminhado pela Procuradoria da Mulher, os dois homens ingressaram deliberadamente em um vagão exclusivo para mulheres, durante o horário de pico, em descumprimento à Lei Estadual nº 4.733/2006, que determina o uso restrito do espaço para passageiras nos horários das 6h às 9h e das 17h às 20h, de segunda a sexta-feira.

Ao serem advertidos pelas mulheres que ocupavam o vagão, os homens reagiram com violência verbal, proferindo uma série de xingamentos e expressões de conotação sexual explícita. Entre as palavras ditas, constam frases como:

“Mal comida”,
“Mal fod*d*”,
“Sabe o que vocês estão precisando? Um homem socar no seu c* bem gostoso.”

As ofensas ocorreram na presença de mais de 50 mulheres, que ficaram visivelmente constrangidas e assustadas. Após acionamento dos seguranças, os dois homens foram retirados do vagão, mas voltaram a insultar tanto as passageiras quanto uma funcionária da concessionária, responsável pela segurança do metrô.

Na denúncia, a deputada Tia Ju solicita que a Deam da Gávea oficie o MetrôRio para o envio das imagens das câmeras de segurança (CFTV) da estação e do interior do vagão, a identificação dos agentes de segurança que atuaram na ocorrência e a oitiva dos mesmos, além de relatórios internos de registro do episódio.

“O que aconteceu no metrô é revoltante. Aqueles homens não apenas desrespeitaram uma lei estadual que existe desde 2006, mas cometeram um ato de violência coletiva contra mulheres. Quando um homem entra em um vagão destinado à segurança feminina e profere ofensas dessa natureza, ele está atentando contra a dignidade de todas as passageiras. Isso é crime, e nós exigimos punição”, declarou a deputada Tia Ju durante o ato de entrega da denúncia.

A parlamentar destacou ainda que a Procuradoria da Mulher da Alerj acompanhará o caso junto à Deam e ao Ministério Público, garantindo assistência e acolhimento institucional às vítimas.

A delegada Rosa Carvalho dos Santos afirmou que a unidade já iniciou as diligências para identificação dos suspeitos e análise das imagens encaminhadas pela concessionária, reforçando o compromisso da Deam com o enfrentamento à violência de gênero em espaços públicos.

“Esses episódios não podem ser naturalizados. O vagão exclusivo existe para proteger as mulheres, e qualquer violação desse espaço será tratada com o máximo rigor da lei”, afirmou a delegada.

Legislação – A Lei Estadual nº 4.733/2006, sancionada há quase duas décadas, institui a obrigatoriedade de vagões exclusivos para mulheres nos sistemas ferroviário e metroviário do Estado do Rio de Janeiro, como forma de prevenir o assédio sexual e garantir segurança às passageiras.

O descumprimento da norma, somado às ofensas e ameaças registradas, pode configurar crimes previstos no Código Penal Brasileiro, como injúria (art. 140), ameaça (art. 147) e constrangimento ilegal (art. 146), além de violar princípios da Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006), no que tange à violência psicológica e simbólica contra mulheres.

Ao final do encontro, Tia Ju reafirmou que o caso será acompanhado de perto pela Procuradoria da Mulher e que novas medidas poderão ser adotadas em caso de omissão por parte da concessionária.

“O Rio de Janeiro precisa ser um lugar onde as mulheres se sintam seguras para viver, trabalhar e circular. Nenhuma de nós deve aceitar ofensas, humilhações ou ameaças. A lei existe, e cabe a nós garantir que ela seja cumprida”, concluiu a deputada.

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