Fernanda Dias estreia espetáculo sobre Arthur Bispo do Rosário

No mês da consciência negra, artista fala sobre  ancestralidade e celebração da vida negra

por Redação
Foto: Valmyr Ferreira

Gênio para alguns e louco para outros, Arthur Bispo do Rosário ou simplesmente Bispo do Rosário, foi um artista que colocou a arte entre a vanguarda e a insanidade. Seu trabalho leva a reflexões sobre preconceito e o papel do artista negro na sociedade brasileira. Neste mês da consciência negra, a atriz, artista da dança, autora e pesquisadora das danças negras ( africanas e brasileiras)Fernanda Dias, leva  para o palco do Teatro do Sesc Tijuca na véspera do Dia da Consciência Negra, o espetáculo infantil “Bordador de Mundos”, que conta a história de Rosário de uma forma lúdica.

A artista, de 45 anos, está diretamente envolvida com a causa antirracista. Com 25 anos de carreira, ela iniciou em um curso de teatro no Senac RJ aos 19 anos de idade, e no término se juntou a um grupo e formou a Cia Os Ciclomaticos, onde atua até hoje.

“senti a necessidade de criar um trabalho com base nas estéticas negras e que abordasse de forma poética as questões das mulheres e, em especial, da mulher negra”, ressalta. Após  estudar dança na Ecole dês Sables no Senegal  em 2015, esse desejo tornou se ainda mais forte .

Em 2018, a artista escreveu uma cena que participou de um festival de teatro em que foi premiada como melhor atriz, melhor texto e melhor cena.

“Logo em seguida montei o espetáculo e estou com ele na estrada até hoje”, diz.

Trata-se da peça “Meus cabelos de Baobá”, que Fernanda  idealizou, escreveu e atua.  A árvore presente em diferentes regiões da África e que dá nome ao espetáculo ajuda a personagem Dandaluanda a conhecer sua ancestralidade e a aumentar sua autoestima.

“A personagem dialoga com a planta e vai construindo a sua própria história desde a infância até se tornar rainha. Uma história de descoberta, empoderamento e resgate das raízes e do amor”

 Além disso, em setembro e outubro ela dirigiu o espetáculo “Zacimbagaba”, que conta a história de uma rainha africana da região de Gabinda que viveu no Espírito Santo.

“Paralelamente a tudo isso, estou colaborando na pesquisa artística da diretora Fátima Domingues e seu grupo sediado no Nós do Morro”.

Disposição não falta e entre os projetos futuros está um longa metragem e uma pesquisa para um próximo espetáculo que tem direção de Vilma Melo.

Para Fernanda, não apenas nesse mês em que se celebra o Dia da Consciência Negra, a vida negra deve ser exaltada, mas constantemente

“Diante desse cenário atual, comemorar a vida negra é um ato político. É importante considerar os avanços, porém os retrocessos são visíveis e a luta não pode parar “, conclui.

Sobre Fernanda Dias

Atriz – Artista da dança – Autora – Pesquisadora das danças negras

Doutoranda em Artes – UERJ

Mestre em Artes Cênicas – UNIRIO

Preparadora Corporal – Angel Vianna

Artista fundadora de Os Ciclomáticos Cia de Teatro

Artista fundadora Coletivo Negraação

Artista Grupo Cor do Brasil e Coletivo Madalena Anastácia

Idealizadora do Laboratório Raízes do Movimento

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