Com cinco performers em cena, construindo uma instalação viva, o espetáculo Tudo é Natureza estreia dia 12 de setembro, no Mezanino do Sesc Copacabana, com oito apresentações, trabalhando com o encontro entre corpos e resíduos plásticos coletados e trabalhados por cada um.
Idealizado pelo Coletivo Objetos em Redes e realizado pela Companhia Os Dois, a montagem objetiva reimaginar um mundo mais sustentável, e fornecer espaço para diferentes perspectivas dentro da discussão de sustentabilidade, além de provocar um impacto local. No espetáculo são encenados movimentos e performances criados coletivamente, a partir da interação de cada bailarino acerca dos materiais “partners”.
Nesse espetáculo os materiais plásticos (sacos transparentes, sacos brancos e prendedores de cabelo) ‘atuam’ como parceiros nas coreografias, já que são eles que provocam a reflexão e a inspiração para a criação dos movimentos e das cenas. A instalação movente vai se constituindo num tempo lento, delicado, tornado potente pelo forte estado de presença de todos, o que prevalece sobre o alargamento do tempo”, explica Giselda Fernandes, diretora e coreógrafa do espetáculo.
Tudo é Natureza começa com os performers usando sacos plásticos no rosto, como se fossem véus que provocam o sopro, a respiração, ato tão vital à vida. A partir daí, começam a montar em seus corpos, imagens que remetem a colunas vertebrais humanas e estruturas de animais, logo depois desconstruindo as imagens criadas na cena anterior, seguindo para uma crítica ao consumo e ao super acúmulo. Por fim, o “desfile” culmina em uma escultura viva feita pelos cinco intérpretes.
“Trabalhamos com resíduos que os performers, oriundos de diferentes regiões do RJ, colecionam e investigam. A provocação foi feita aos 5 performers e suas experiências vividas a partir do olhar de cada um e as suas relações com o seu entorno. Entendemos isso como uma atitude política, a movimentação no ponto de diálogo com o objeto imerso num tempo alargado, na contramão do tempo acelerado e das demandas que vivemos”, pontua a diretora.
Giselda Fernandes é bailarina e coreógrafa, investiga o olhar humano sobre as questões ambientais há mais de 20 anos, reforça ainda que “o processo se baseia na eliminação de fronteiras entre arte e natureza, entre corpo e objeto, entre cidade formal e informal, entre hoje e amanhã: presencialmente ou on-line nos afetamos e queremos afetar a todos com os desafios de co-criar o mundo das futuras gerações”, reflete Giselda Fernandes.
O Brasil é o quarto país que mais produz lixo no mundo, segundo a Organização Não Governamental WWF, são 11.355.220 toneladas de lixo com apenas 1,28% desse montante sendo direcionado para o processo de reciclagem. A partir desses dados e uma conversa com o ambientalista indígena, filósofo e imortal da Academia Brasileira de Letras, Ailton Krenak, que o Coletivo Objetos em Redes questiona a relação dos objetos plásticos e os humanos pertencerem ao mesmo ecossistema. Durante a conversa, o Coletivo foi surpreendido com a seguinte frase/resposta de Krenak: “Tudo é natureza”.
“Essa frase foi tomada como desafio para o novo espetáculo, pesquisar como pequenas formas borram o limite do corpo e objetos plásticos. Como dar um sentido dramatúrgico e coreográfico a esta frase e como colocar este desafio em cena? Assim, dando continuidade ao desenvolvimento do conceito de objeto-partner há mais de vinte anos, aplicado nos trabalhos da coreógrafa e da companhia é também na contínua insistência de dar uma resposta artística às questões ambientais”, afirma Giselda.
Ela explica ainda que, em função desse problema, uniu-se a pesquisa da Os dois com o objeto-partner, o conceito busca explorar e criar novos usos entre nossos corpos, com os objetos para a criação de produções artísticas. Com 20 anos de pesquisa, o objeto-partner também é motivado pelo estudo dos próprios artistas participantes.
“A própria performance está apoiada na reutilização dos objetos descartados. Desse modo, lixo, resíduo e inutilidades se tornam potências artísticas para expressões fora do cotidiano, enriquecendo o olhar das pessoas sobre as possibilidades dos objetos”, conclui Giselda.
SINOPSE
Tudo é Natureza, o quarto trabalho do Coletivo Objetos em Redes procura responder a um desafio que surgiu em uma conversa de Ailton krenak com o Coletivo, quando questionado a relação dos objetos plásticos e os humanos pertencerem ao mesmo ecossistema, o Coletivo foi surpreendido com a seguinte resposta de Krenak: “Tudo é natureza, pode ser natureza estragada, mas é natureza”. Para sensibilizar o olhar humano para as questões ambientais, cinco bailarinos performers, moradores de diferentes pontos da cidade utilizam em cena resíduos plásticos que são matéria prima para as apresentações.
FICHA TÉCNICA
- Idealização / Concepção: Giselda Fernandes e Hilton Berredo (in memorian) Diretor e, Coreógrafa: Giselda Fernandes
- Performers:
- Diogo Nascimento
- Lucas Silva Santos (Casul0)
- Mana Lobato
- Marlúcia Ferreira
- Samy Raposa
- Assistente de Direção e Coreografia: Tais Almeida
- Iluminação: Lilian da Terra
- Captação e edição de Imagens: Luís Guilherme Guerreiro
- Música Original: Gabriel Matriciano e João Mello
- Assessoria de Imprensa: Alessandra Costa
- Redes Sociais e projeto gráfico: Raquel Oliveira
- Diretora de Produção: Cacau Gondomar
- Realização: Os Dois Produções Artísticas e Coletivo Objetos em Redes
SERVIÇOS:
Espetáculo Tudo é Natureza
- Dias : 12, 13, 14 e 15, 19, 20, 21 e 22 de setembro de 2024
- Quinta a Domingo
- Horário: 20h30
Local: Mezanino do Sesc Copacabana
Endereço: Rua Domingos Ferreira, 160, Copacabana, Rio de Janeiro – RJ Ingressos: R$ 7,50 (associado do Sesc), R$ 15 (meia-entrada), R$ 30 (inteira) Informações: (21) 2547-0156
Bilheteria – Horário de funcionamento: Terça a sexta – de 9h às 20h; Sábados, domingos e feriados – das 14h às 20h.
Classificação indicativa: Livre
Duração: 55 minutos
Lotação: Sujeito à lotação
Gênero: Dança