A artista Cláudia Lyrio promove neste sábado (29/03), às 14h, uma visita guiada a sua exposição “O Manuscrito”, no espaço Paço Imperial, no Centro do Rio. A ocasião especial dará a oportunidade aos visitantes de conhecerem pela própria criadora as informações e os detalhes especiais das cerca de 70 obras em exposição, onde a artista entrelaça escrita e pintura, letra e imagem, sentido e silêncio, visível e invisível, legível e ilegível, sentido e ruína. A visita é ainda mais especial porque conta com a participação da curadora da exposição Marisa Flórido Cesar.
O evento é uma forma de conhecer mais profundamente “O Manuscrito”, como na definição da própria artista “uma exposição para se ler-ver sobre tela”. Além disso, os visitantes podem aproveitar para circular no restante do Paço Imperial, o casarão do século XVIII está comemorando 40 anos como centro cultural e unidade especial do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Lyrio, que é formada em Pintura e Letras e é Mestre em Literatura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), usa os dois campos misturando arte e ficção literária em obras híbridas entre pinturas, desenhos, aquarelas, colagens e livros de grandes e pequenas dimensões.
A exposição é dividida em seis conjuntos de trabalhos: Manuscritos; Aquarelas Flora Liriensis (Séries Simbiose e Pétalas); Futuros Possíveis (Desenho sobre impressão Fine Art); Labirintos; Livros de Artista; e Paisagens. O conjunto que dá título à exposição é um livro de autoficção da artista em que cada tela, de grande dimensão (199x97cm cada), é uma página, escrita-desenhada-pintada, por uma de suas personas. As obras, em exposição não linear, estão em meio e ao lado de outras “páginas”, outros conjuntos de suas várias personas, como se todas formassem anotações marginais de um livro rasurado e para sempre incompleto: a escritora, a naturalista melancólica, a arqueóloga…
As telas, livros e desenhos de Lyrio, em seus grafismos e rasuras, rabiscos e apagamentos, são anotações voláteis do que escapa, como os sentidos, mas também os silêncios. Para a artista, “O Manuscrito” é “uma compostagem”, “de fragmentos e camadas de uma caligrafia pessoal, quase sempre cursiva, (…) o esboço de um livro que um dia viria (sic) a ser editado. Um livro que começou a ser criado no confinamento da pandemia de Covid-19, quando o sentimento agônico de finitude e colapso, de nós e dos mundos, e os sinais definitivos da catástrofe ambiental, se instalaram em nossas vidas”.
Cláudia Lyrio é autora de dois livros infantis, Menina Lua Lobisomem e Três Reis Magros, e procura, de maneira geral, na sua produção artística entrelaçar arte, literatura e contexto ambiental. A artista tematiza questões da existência, o ciclo da vida, origens e fins, entropia, perenidade, efemeridade, perda, apagamento e memória. Lyrio tem especialização em História da Arte e da Arquitetura no Brasil (PUC-Rio) e é doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da UFRJ, na área de Teoria e Experimentação na Arte, linha de Poéticas Interdisciplinares. Em 2023, fez residência artística na Casa da Escada Colorida, no bairro da Lapa, e na Galeria Cândido Portinari, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
A exposição “O Manuscrito” vai até 11 de maio, de terça a domingo, das 12h às 18h.
Trabalhos anteriores da artista
Individuais: A Naturalista Melancólica, Caixa Cultural Rio / RJ (2023-24); e Redesenhando a Paisagem, Museu de Arte de Blumenau/ SC (2019).
Selecionada para diversos salões de Arte Contemporânea, entre os quais, o dos Artistas Sem Galeria (2022); Artes Degeneradas, Ateliê Sanitário, Gamboa/RJ (2022); 1º Salão IBEU online (2021); Novíssimos, Galeria Ibeu/RJ (2019); Sequestrado, Fortaleza/CE (2017); Guarulhos/SP (2016); e Vinhedo/SP (2016), quando recebeu o Prêmio Aquisição em Pintura.
Participações em coletivas: Os trabalhos e os Dias, Galeria Cândido Portinari, UERJ/RJ (2023); Nem sempre dias iguais, Palácio do Catete/ RJ (2022); Porque é teu o meu cuidado, Galeria do SESC de Copacabana/RJ; Intervenção Urbana Rio de Mãos Dadas, SESC-Rio/ RJ (2021); 7 Etnógrafos, Galeria dotArt, Belo Horizonte (fev 2020); A Melancolia da Paisagem, Sem Título Arte, Fortaleza/CE (2019); Aos fios entreguei o horizonte, Hiato Galeria, Juiz de Fora/MG (2018); Miragens, Centro Municipal de Artes Hélio Oiticica, Centro/ RJ (2017); Além da Imagem, Sem Título Arte, Fortaleza/CE (2017); e Imersões, Casa-França Brasil, Centro/RJ (2017). A artista integrou o grupo de 23 artistas selecionados para a Bienal PÓSVERSO, 2024, na Argentina.
Serviço:
- Local: Centro Cultural do Patrimônio Paço Imperial, Praça XV de Novembro, 48 – Centro/RJ
- Visita guiada: Sábado (29/03), às 14h
- Entrada Gratuita
- Instagram: @claudialyrioarte