Aumenta que o samba é dela

Cria do RJ, cantora e percussionista, exímia sambista, lança dia 28, “Nem Chá, Nem Café”, verdadeira ode à independência feminina e à felicidade

por Redação

Que o samba se alinha e promove, passo a passo, reparações históricas positivas, que transformam diariamente o seu ambiente, em sua maioria masculino – e por ora, machistas – isto é um fato que merece o devido reconhecimento.

Mulheres talentosas têm sido cada vez mais enaltecidas, visibilizadas e respeitadas nas mais diversas rodas de samba pela cidade. Em sua maioria são competentes e dedicadas. Logo, conquistam e criam novos espaços. Na força desse movimento, a cantora e percussionista Marcelle Britto, pede licença para mostrar que vai muito além de ser uma promessa musical. Ela tem potencial para se destacar. Sua raiz é fluminense, de Nova Iguaçu. No entanto, o sorriso, a essência, o corpo e a alma não dão brechas para dúvidas: ela é toda carioca. Do tipo descolada de carteirinha: faz da Lapa seu quintal; no Leme tem seu metro de areia e a conexão com o mar; e vai de Oswaldo Cruz até o Recreio dos Bandeirantes atrás de um bom samba.

Desde o início do ano, ela brinda o público com um mergulho ao universo solo. Lançou em abril, o single “Demorô”, composto por Vinícius Maia e Marcelo Delamare. Com direito a videoclipe contagiante, a primeira faixa desta nova safra já acumula mais de 133 mil visualizações no YouTube, em apenas dois meses. Um samba alegre, alto astral, gostoso de ouvir e que desperta sorrisos em suas estrofes. O filme, com produção dedicada de Marvin Freitas e direção cuidadosa de Macário, convida o público para acompanhar o cotidiano de uma mulher feliz, que aguarda a chegada de seu amor, enquanto canta e encanta.

“Demorô” não é uma canção lançada ao vento. Ela inicia uma caminhada cantada por Marcelle, que terá desdobramento em outras músicas inéditas, que serão lançadas pela artista ainda em 2023. O material já está todo pronto e tem impressionado os sortudos e sortudas que têm acesso a ele, antes do grande público.

Em julho, um novo capítulo deste amor cantado por ela, será apresentado à sua plateia. Previsto para o dia 28, sexta-feira, o lançamento de “Nem Chá, Nem Café”, composição de Marcelinho Moreira, Fred Camacho e Cassiano Andrade, mostra uma semi-desilusão com a pessoa que ela aguardava na música anterior. Marcelle dá um ponto final na história, pelo menos naquele momento.

No videoclipe, que tem produção e direção assinada pela mesma dupla de “Demorô”, Marvin Freitas e Macário, respectivamente, o Rio de Janeiro solar e alegre é explorado de forma inteligente e animada. O que na letra da música é um basta à uma história de amor que não está legal, no vídeo ganha grandeza, leveza, bom humor e colorido. Ao assistir, parte do público pode não saber, mas ficará bem próximo ao cotidiano da cantora. Tem celebração com amigas no Bar do Adalto, onde ela bate ponto. Um rolé pela tradicional Feira da Glória, um dos programas mais gostosos do fim de semana carioca, um giro pela belíssima Praça Paris e um sambão de qualidade, com a galera em coro afinado e coreografia que tem todo jeito da trend viral do momento: as dancinhas nas redes sociais. Em resumo, são momentos daqueles que nos fazem bem, em qualquer situação. Para Marcelle, o cenário fez toda a diferença tanto para ela, quanto para o videoclipe. “Poder gravar em lugares que fazem parte do meu cotidiano e na companhia de amigos queridos que incentivam meu trabalho e fazem parte do meu dia a dia, me deram mais segurança”, conta Marcelle. “Fiquei mais feliz!”.

No dia seguinte ao lançamento, 29 de julho, um delicioso sábado, será a vez de “Nem Chá, Nem Café” fazer sua prova de fogo e ser mostrada ao vivo, no show que Marcelle faz regularmente no reduto de esquerda mais charmoso da cidade, o Bar do Omar, na zona portuária. A apresentação acontece às 19:13 e tem entrada franca. Quem chegar, vai ver a sambista no seu auge, em três horas de muita música de qualidade. Uma dica: chegue cedo, costuma lotar a noite da cantora por lá.
“Demoro” e “Nem Chá, Nem Café” servem para preparar os ouvintes pelo que está por vir. Um material classudo, bem cuidado e que vai levar Marcelle ao hall de grandes novidades musicais do ano. Ali tem meta, olho que brilha, planos viáveis, vontade de dar certo e sentir o tesão artístico que é ouvir seu som cantado por uma multidão. Imagina? “Em outubro, tem mais uma música”, adianta Marcelle.

Dá um microfone na mão dela pra ver só…

Ao puxar a ficha de antecedentes sambistas da artista, logo vê-se que não estamos diante de uma novata, sonhadora. Foi aos 30, que a cantora e percussionista resolveu se aliar ao Coletivo Sindicato do Samba, que existe para dar valor àqueles compositores de samba que participam nas rodas. Já tem mais de seis anos que Marcelle decidiu viver dessa arte e arregaçou as mangas para alcançar seus objetivos. Em 2018, se revelou cantora logo em seu primeiro projeto, “Fuzuê de Iaiá”.

Rapidamente, o evento ganhou espaço na cena do samba RJ e passou pelo Beco do Rato, esteve no Circo Voador, completou esse triângulo da Lapa no Hotel Selina, subiu até o Parque das Ruínas… Rodou bem e aportou na Praça do Lido, em Copacabana. Marcelle, que não estava ali para brincar e não apostou baixo. Uniu no repertório, canções de Beth Carvalho, D. Ivone Lara, Arlindo Cruz, Wilson Moreira, Zeca Pagodinho e diversos nomes fortes da nossa música, tipo um amuleto. Soube aproveitar muito bem o selo “vim pra ficar”.

A partir daí, Marcelle fez valer as conquistas que sua dedicação trouxe. Como musicista, esteve no palco de nomes como Diogo Nogueira, Edil Pacheco, Toninho Nascimento e Wilson Moreira. Marcelle está na banda de uma cantora que tem como referência: Teresa Cristina. Ela faz parte do time de mulheres que sobem ao palco com TT em duas apresentações: “Um Sorriso Negro” e “Pagode, Preta”. Quem quiser ver mais e mais de Marcelle Britto, anota na agenda: ela está todos os sábados, sempre às 19:13, no comando do bom samba que lota o Bar do Omar, na zona portuária.

O espaço para uma sambista do sexo feminino, ainda é deproporcional se comparado à quantidade de homens. Portas para que a voz da mulher seja forte nos enredos, pagodes e partidos altos, são forçadas todos os dias para se manterem abertas. Lá atrás, foi Tia Ciata quem a empurrou. Jovelina Pérola Negra, Áurea Martins Alcione, Beth Carvalho. Clara Nunes, Tia Surica, D. Ivone Lara, Leci Brandão, Teresa Cristina, Marisa Monte, Maria Rita, Roberta Sá, Mariene de Castro, Ludmilla, Andrea Caffé e Marcelle Britto seguem com a tarefa de não deixar que esse caminho suma, que essa porta seja fechada. A nós, só resta agradecer!

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