Sofia: Nova casa da chef Kátia Barbosa

Sofia Restaurante

Um casarão de três andares na Praça da Bandeira, na Rua Barão de Iguatemi, onde a história gastronômica da chef Kátia Barbosa começou. A fachada verde, com janelas e porta laranja, remete imediatamente aos casarios nordestinos e, mais particularmente, à infância da Katita. Dona Sofia, paraibana de 92 anos, mãe de nove filhos, é quem recebe a homenagem e empresta o nome ao novo restaurante da chef. Ali, sortudos 24 comensais podem desfrutar de receitas que permeiam a história de vida de um dos nomes mais festejados da gastronomia brasileira.

A brasilidade que a consagrou está obviamente refletida no cardápio. Porém, no lugar dos pratos fartos, para compartilhar, e dos bolinhos que fazem parte do DNA de suas outras casas, ali a chef escolheu um formato novo, que lhe permite maior liberdade para usar e abusar dos ingredientes. São dois menus degustação, um para almoço, a R$ 70 reais, e outro, para jantar, a R$ 120, com três e quatro etapas respectivamente.

O cardápio

No almoço, são três opções de entrada, sendo duas vegetarianas; três principais, com uma opção vegetariana também, e duas sobremesas para o cliente montar como quiser. À noite há as opções para combinar, mas a recomendação é que se entregue de olhos fechados às surpresas da chef, que faz questão de preservar sua liberdade poética e apostar em pratos secretos que serão anunciados pela equipe do salão, à boca miúda, na hora do serviço.

‘O Sofia é um restaurante que nasce sem rótulos. Não quero pensar em colocar essa casa em alguma categoria, pois aqui quero fazer um pouco de muita coisa. O que posso dizer é que o menu é surpresa, definido a cada semana. E, claro, receitas da Dona Sofia, modernizadas, como que passadas para a geração seguinte com um toque a mais, um olhar diferente…’, conta Katita. ‘De vez em quando vou convidar amigos para cozinhar… De vez em quando vou explorar ingredientes inexplorados… De vez em quando vou fechar tudo e dar férias coletivas, para a equipe descansar. O Sofia é casa… É lugar de conforto, de ser feliz’.

Ingredientes populares, como porco, fraldinha, camarão, peixes e muitos vegetais, servem de base para as criações da chef. Junto ao pop, chegam garimpos preciosos, como o Jambolão, azeitona do Nordeste pouco ou nunca vista em terras cariocas, e os bricelets, herança das freiras enclausuradas e cujo preparo requer paciência, delicadeza e dedicação. ‘Quero tirar ingredientes da coxia e trazer para o centro do palco, contar histórias novas e resgatar antigas, apresentar sabores desconhecidos, comenta Katita.

A decoração

O tapete de histórias da Katita está também nas paredes. Toda a decoração do restaurante foi feita por ela, das mesas e cadeiras a cada um dos objetos de arte que decoram o lugar, passando ainda por cada item do enxoval, jogos americanos, talheres, louças, e pela trilha sonora.

‘Tudo aqui tem um pouco de mim, das minhas viagens e da minha história de vida. Além dos objetos de artistas que conheci Brasil afora, tive a ajuda preciosa da Feira na Rosenbaum, que fez o elo com outras preciosidades’, revela Katita. ‘Para música eu pensei em algumas playlists só de música brasileira, com diferentes estilos. É tanta música que acho praticamente impossível que alguém venha mais de uma vez no Sofia e esteja tocando a mesma coisa’.

Entre os objetos do ambiente, chamam atenção grandes corações de couro, tecido e cerâmica que enfeitam uma das paredes principais do salão. O maior deles, de couro, leva assinatura do artesão aracajuano Lucas Lemos Pereira e compartilha espaço com o de crochê do estilista Biam Dhifa. Tem ainda o ´coração feliz´, feito em trama de tecido pela artista textil paraibana Mayrles Emile.

Também ganharam honraria nas paredes a escultura de ferro com representação dos símbolos de força de alguns dos orixás assinada pelo artesão pernambucano Diogum Luz; e as pinturas e colagens do artista plástico Gabriel Simonetti

‘Sofia é coração de mãe, né. Desde a concepção, enquanto tudo ainda era um sonho, os corações já estavam na minha cabeça’, relembra. ‘Tudo aqui tem alguma referência, seja na arte ou no garimpo. Os vasinhos de planta em forma de casinhas nordestinas, por exemplo, não têm assinatura, mas têm simbolismo, têm história… Sem falar que um deles é exatamente igual à fachada do restaurante’.

A Equipe

Se o olhar cuidadoso da chef passa pela decoração, ingredientes, objetos e louças, antes mesmo da obra do Sofia ter terminado Katita já tinha formado o seu dream team: Um elenco só de mulheres, tanto na cozinha quanto no salão.  São três souschefs com diferentes vivências gastronômicas; uma bartender e duas atendentes, essas escolhidas a dedo pelas experiências anteriores no Aconchego Carioca ou no Kalango.

‘A Bianca (Barbosa, filha de Katita) me ajudou muito com o olhar que só ela tem para talentos femininos. Foi dela a escolha da equipe e o treinamento personalizado, feito respeitando as individualidades e potencialidades de cada uma. Posso dizer que tive muita sorte em conseguir juntar todas essas nuances tanto na cozinha quanto no salão e isso é uma parte muito importante e especial do Sofia’, conta.

Também contribuiu para o projeto o sambista Gabriel da Muda, conhecedor de vinhos e empreendedor do segmento gastronômico. É dele a assinatura da carta composta por vinhos naturais, todos brasileiros. ‘São vinhos de pequenos produtores, safrados, exclusivos e, paradoxalmente, com excelente custo-benefício’, resume Da Muda.

Para a carta de drinks, a contribuição importante do mixologista Alex Mesquita, que treinou a bartender Tais Santos e trouxe o seu olhar minucioso para coquetéis clássicos. Os escolhidos foram Manhattan, Fitzgerald, Gin Tônica – o preferido da Katita -, Negroni e caipirinhas de frutas da estação.

‘Para as opções não alcoólicas, preferi dar lugar a sucos artesanais, como o frutas vermelhas e a limonada, além de mate e soda da casa. Optei por não servir refrigerante, por isso tive o cuidado de trazer sugestões relevantes aqui’, conta Katita.

O futuro…

O futuro do Sofia à Katita pertence… E não faltam projetos já rascunhados por ela para o restaurante. Além de receber chefs para noites especiais e café da manhã, o que parece vir primeiro é o de transformar o rooftop do casarão num espaço com bar destacado, eventos próprios e… um dia de caraoquê, já batizado de ´Katitoquê´. Ainda sem previsão, mas já em fase de sonho.

Serviço:

Rua Barão de  Iguatemi, 257-c, Praça da Bandeira. Tel.: 21 96973-9781. 24 lugares. De terça a domingo, das 12h às 23h. Aceita todos os cartões. Instagram: @sofiarestauranterj