LUI COIMBRA

Lui Coimbra faz show de lançamento de ‘Roda_Flor’

Em circulação pelo projeto SESC Pulsar, o cantor e violoncelista apresenta seu novo show, dia 24 de outubro, no SESC Copacabana

por Redação

Depois de apresentar seu novo trabalho no universo digital, Lui Coimbra mostra “RODA_FLOR” ao vivo, em circulação pelo SESC Pulsar. Após passar pela Zona Norte, pela Baixada Fluminense e por Niterói, o cantor e violoncelista leva seu novo show à Zona Sul carioca com única apresentação dia 24 de outubro, às 19h, no SESC Copacabana.

No palco de “RODA_FLOR”, Lui Coimbra (voz, violoncelo, violão e rabeca) é acompanhado Marcos Suzano (percussão e pandeiro), Fred Ferreira (guitarra e viola) e Pedro Aune (baixo e tuba), além da convidada especial Paloma Ronai (sanfona). No repertório, as músicas do novo disco, lançado em junho.

LUI COIMBRA é cantor, violoncelista e compositor. Faz parte da tradicional linhagem dos “cantautores” brasileiros, mas com um diferencial: o violoncelo a tiracolo. Lançou  “OURO e SOL” (2003)  e  “VIOLA PERFUMOSA” (com Ceumar e Paulo Freire), em 2018. Como instrumentista, seu violoncelo popular e peculiar pode ser ouvido em mais de três centenas de gravações e shows com artistas como Alceu Valença, Ana Carolina, Caetano, Zizi Possi e Ney Matogrosso. É arranjador e diretor musical do premiado álbum “Senhora das Folhas”, de Áurea Martins (indicado ao Latin GRAMMYs 2022), e compositor premiado de trilhas para TV, teatro e cinema. Todas estas suas múltiplas facetas estão presentes em “RODA_FLOR”.

Projeto premiado no SESC Pulsar 2022 – SESC RJ

Sobre o disco, por Leonardo Lichote

De sua perspectiva urbana e litorânea, o carioca Lui Coimbra sabe olhar para dentro do Brasil — e entender os ritos, a lógica, o tempo que rege esse terreno vasto. Conhece a ciência de chegar, que Caetano Veloso resumiu como “sempre pedir licença mas nunca deixar de entrar”. É exatamente dotado dessa sabedoria que Lui abre seu novo álbum, “RODA_FLOR”, com a canção “Dona tá Reclamando” (Dominguinhos Minguinho). Seus primeiros versos, “Dona tá reclamando / Porque nós tamo chegando agora / Eu acho impossível, dona / Sempre se chegar na hora”. É assim que tem início o giro das pétalas que compõem o colorido do disco, passando por Marisa Monte, Zeca Baleiro, Naná Vasconcelos, Mário Quintana, Villa-Lobos e Ferreira Gullar.

Ao ritmo do boi do Maranhão, “Dona tá Reclamando” traz a consciência poética do real, crua e delicada como a música de Lui e dá o recado para quem acha que demorou muito entre seu primeiro e incensado disco solo “OURO e SOL” e este “RODA_FLOR”: a hora de chegar é a hora que se chega. Em sua afirmação de um país belo e profundo, o novo álbum se apresenta em diálogo preciso com este 2023, sem atraso ou adianto.

— “Dona tá Reclamando” está comigo há muito tempo no repertório dos meus shows. Conheci quando tocava com a Orquestra Popular de Câmara — conta o músico, citando um dos muitos trabalhos de uma carreira de bem-sucedida como instrumentista, que inclui show e gravações com Caetano, Wagner Tiso, Zeca Baleiro, Ana Carolina, Ney Matogrosso, Zizi Possi, Alceu Valença, entre tantos outros.

Na atual gravação de “Dona tá Reclamando”, Lui canta e toca violoncelo, violão, piano, teclados e percussão.

— São sons de um Brasil profundo, mas visto pela minha lente, de um cara urbano, do Rio, contemporâneo — aponta Lui, numa definição que pode se expandir para todo o álbum.

É um universo similar ao que se materializa em “A Ciranda Rodava o Mundo” (poema de Mário Quintana musicado por Lui). Aqui a sonoridade é ainda mais ampla, com os timbres eletrônicos dos teclados e samplers cruzando-se à caixa de Marcos Suzano, ao contrabaixo de Pedro Aune e ao violoncelo do anfitrião. Os versos do poeta imaginam uma ciranda (música-dança) que determina os movimentos do mundo, entrelaçando em sua fabulação homem e natureza, mito e cotidiano — terreno da arte de Lui.

Com versos de outro poeta (o português Tiago Torres da Silva) também musicados por Lui, “Seguir o Fado” narra a saga da existência, do nascimento à morte, com as paixões no caminho. A continuidade, enfim, do destino — ou fado, como diz a canção. O bandolim de acento luso de Sergio Chiavazzoli pontua a gravação, que ganha densidade com a participação da Orquestra de Cordas de São Petersburgo.

Construída apenas na voz e no lindo desenho do violoncelo de Lui, a clássica “Melodia Sentimental” (Heitor Villa-Lobos / Dora Vasconcelos) soa — numa inversão da síntese exposta anteriormente — refinamento de chão de terra batida em sala de concerto. Mágica e interiorana,  sertaneja e universal.

Após a pungência da noite de Villa, “Tá Caindo Flor”, que Lui escreveu a partir de um refrão popular, sonha com a alegria de uma chuva de flores sobre um batuque de maracatu. A rabeca de Beto Lemos se harmoniza pernambucanamente e sem fronteiras aos teclados e programações de Lui, à percussão de Suzano, às guitarras de Chiavazzoli e ao contrabaixo de Aune. Como benção a todos, ouve-se a caixa tocada por Naná Vasconcelos — a quem a faixa é dedicada.

— Tinha essa caixa gravada de um outro projeto que fizemos juntos — conta Lui, que teve um duo com Naná por dez anos, até sua morte, em 2016. — Toquei com ele em seu último show. Naná tinha que estar no disco, comecei a pensar o que viria a ser o “RODA_FLOR” antes de ele partir.

A alegria segue no divertido samba “Companheiro Fiel — O Gatinho”, que também nasce de um poema, desta vez de Ferreira Gullar. Os versos dedicados ao gato do poeta soam leves no dueto de Lui com Baleiro. A canção traz, no contexto reduzido de um apartamento, o olhar terno sobre o cotidiano e a intimidade que atravessa muitas faixas de “RODA_FLOR”, desde o nome.

Samba enredo no qual cabem a batucada nervosa (de Suzano), ponteios de samba rural nas violas e graves eletrônicos (de Lui) e cavaquinhos e guitarras (de Tuca Alves), “Graça” é brinquedo poético e filosófico. A canção, escrita por Lui, tem versos como:  “Graça, gracinha, gracejo, gratidão / A graça é o olhar de quem ama / A cama do vento é o mar / Se o olho do gênio é a ama / De deus o que é que será?”.

Dedicada a Hilda Hilst (outra poeta celebrada no disco), “Valsa Para a Senhora D” (Lui Coimbra / Zeca Baleiro) se ergue errática e bela como o pensamento de seu eu-lírico. A flor aqui roda noutra direção: “Flor despetalada e sem dono / O amor, um cravo no meu coração”.

“Quanto Tanto (Canção da Lua Cheia)”, de Lui, retoma o olhar para o astro que ilumina a noite de “Melodia Sentimental”. A moringa e a percussão de Edu Szajnbrum — ao lado do violão, violoncelo, teclados e programações de Lui — preparam o solo para os versos sobre a mecânica mística e amorosa do mundo.

Outras lendas lunares são evocadas em “Avalon”: Lui está sozinho na composição e na gravação, um seresteiro  solitário eletrônico, multiplicando-se em violões, teclados e samplers, num arranjo que dialoga com a tradição do rock progressivo mateiro brasileiro, resgatando a tradição dos poetas do sereno,  ou serenateiros, “um bardo, um honrado, ser-rei” que cantam para suas amadas sob o manto de prata das noites imemoriais.

“RODA_FLOR” desagua, por fim, em “O Rio” (Marisa Monte / Seu Jorge / Carlinhos Brown / Arnaldo Antunes), em arranjo minimalista de violão e charango andino que ressalta a poética da canção que nos lembra que a ciência, assim como a natureza, deve ser observada em tempos incertos. Ponto de chegada que é memória e futuro, o rio da canção traz uma metáfora do fluxo da vida cujo leito corta todo o álbum. “Lembra, meu filho, passou, passará / Essa certeza a ciência nos dá / Que vai chover quando o sol se cansar / Para que flores não faltem / Para que flores não faltem jamais”, encerra a letra, plantando as cores da terra que Lui imagina e realiza em música.

SERVIÇO

Lui Coimbra
No show RODA_FLOR

Data: terça-feira, 24 de outubro de 2023
Horário: 19h
SESC Copacabana (R. Domingos Ferreira, 160 – Copacabana)

Ingressos:  

R$ 10,00 (inteira)
R$ 5,00 (meia-entrada em casos previstos por lei)
R$ 2,00 (credencial plena)
Gratuito (PCG)

Ingressos na bilheteria (de terça a domingo, das 8h às 19h)
Classificação: livre

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