Batizado sugestivamente em alusão a um dos estilos musicais brasileiros mais reconhecidos internacionalmente, o show “Swedish bossa” é uma parceria entre a cantora e compositora brasileira Sara Bentes e a banda sueca Synliga. O espetáculo, inédito no Brasil, acontece no dia 27 de julho (quinta, às 19h30) no Teatro Rival. No repertório, músicas autorais de Sara (“Pra quê” e “Choro sara”), da banda (“It’s a dark night tonight”) e clássicos brasileiros como “Garota de Ipanema”, de Tom Jobim, e “Mas que nada”, de Jorge Ben Jor. Em alguns momentos do show, os integrantes da banda cantam em português, e Sara se arrisca no idioma sueco. A realização do show “Swedish bossa” é da Palavra Z Produções Culturais.
Um dos elos dessa parceria é o fato de todos os artistas serem pessoas com deficiência – no caso, Sara e os integrantes da banda são cegos. Também os une a temática de boa parte das canções, que abordam as diferentes formas de ver e interagir com o mundo. “Swedish bossa” celebra a diversidade humana, o intercâmbio cultural, musical, étnico e linguístico, derrubando barreiras.
“Nós nos unimos e nos identificamos não só pela deficiência, mas pelo amor à música, por primarmos por um trabalho de qualidade e pela prática de utilizarmos a arte como um instrumento para informar e transformar”, diz Sara, que também escreve, compõe e canta sobre sua condição de pessoa cega. “Achei incrível que eu, no Brasil, e eles, lá na Suécia, estivéssemos fazendo coisas tão parecidas. Então como não nos unirmos?”
A parceria entre a banda Synliga e a artista Sara Bentes
Em 2015, Sara foi selecionada para cantar numa mostra internacional de músicos cegos na Tailândia. Como viajaria sozinha, entrou em contato com outros músicos também selecionados. A resposta veio da banda Synliga, que a acolheu durante todos os dias do evento. Ali começava a amizade e a parceria musical que só cresce a cada encontro. Na mesma viagem, surgiu o primeiro convite para Sara fazer uma temporada de shows em 2017, na Svartklubben – uma casa de shows e restaurante no escuro, em Estocolmo.
De volta à Suécia em 2019, Sara fez apresentações no escuro na Svartklubben e também no Teatro Bulevar. A artista já tem duas músicas em parceria com Ulf Nordquist, compositor principal da banda Synliga, que também fez uma versão em sueco da música “Pra quê”.
Sobre a Synliga
A banda sueca Synliga foi criada em 1983 por músicos cegos, que sentiram que precisavam de um espaço para criar músicas com letras sobre a vida com deficiência visual. Este trabalho evoluiu ao longo dos anos, e Synliga é hoje uma banda de seis músicos com um grande catálogo de músicas, apresentando entre 100 e 150 shows por ano. Synliga canta principalmente em sueco, mas uma grande parte das músicas da banda também tem letras em inglês.
A banda é formada por: Ulrika Norelius Centervik (voz principal e teclado), Ulf Nordquist (voz principal, baixo, harmônica, teclado e guitarra), Sven Westin (voz principal e percussão), Christer Tull (guitarra, teclado, baixo e backing vocal), Johan Häglerud (violão, teclado, baixo e backing vocal) e Frank Skaret (bateria e percussão). Além da Suécia, a banda fez turnês em Cuba, Inglaterra, Tailândia, Japão, Rússia, Espanha e EUA.
A música do grupo inclui elementos de rock, rock progressivo, pop e até algumas influências étnicas, tanto da Suécia como também de outras culturas. A maioria das letras é sobre aspectos da condição de deficientes visuais e como a vida é ou poderia ser, ou talvez deveria ser, quando você está nessa situação. Às vezes, as letras são profundas e sérias, mas há muitas canções com um viés humorístico que coloca as coisas em uma perspectiva diferente.
Sara Bentes
Cantora, compositora e atriz premiada internacionalmente, tendo feito shows e participações em festivais de arte nos Estados Unidos, Inglaterra, Itália, Suécia, Turquia, Tailândia e Argentina. É muito conhecida nas comunidades brasileiras com deficiência, especialmente visual, por escrever músicas, peças teatrais e livros que promovem a inclusão social. Sara lançou dois álbuns solo “Invisível” (2015) e “Tudo o que me faz vibrar” (2018), com músicas autoriais e parcerias, além do EP em inglês “Live what I live” e singles, incluindo uma releitura da música “Toda espera”, de Jorge Vercillo.
Como escritora, Sara tem seis livros publicados: um de crônicas e quatro romances – “E não se esqueçam de regar os girassóis” (2017), “Lauren” (2019),“O pai de Lauren” (2020) e o recém-lançado “Enquanto amanhecemos” – além de um livro sobre suas viagens internacionais, “Vem ver da minha janela”(2020).
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