Talvez existam muitas donas Lauritas por aí que querem se encontrar na vida, apesar da aposentadoria após 35 anos como professora do Estado, de ser trocada por outra mulher e fingir que o marido morreu e de ter um relacionamento conturbado com a filha. Vamos combinar, será mesmo que existe uma família perfeita? Claro que não. Isso é bobagem que a propaganda botou em nosso caminho para comprarmos cada vez mais margarina com sal ou sem sal, como preferirem.
A verdade é que uma vida salgada ou apimentada pode ser mais interessante do que uma existência morna, regada a solidão. Ao longo do tempo vamos nos adequando as situações e foi assim que todo o mundo enfrentou a pandemia e suas consequências. Deste jeito, dona Laurita e Amanda, vizinhas de prédio, se encontraram. Amanda fazia compras para ela que não podia nem botar o pé no corredor e as duas acabaram por fazer laços de amizade.
Durante quase dois anos, o mundo viveu um sofrimento quase interminável. Graças à cultura e aos nossos artistas que fizeram inúmeras lives, palestras, encontros virtuais que não enlouquecemos de vez no período de isolamento social.
A atriz Lilia Cabral e a filha Giulia Bertolli nos brindaram com a peça A Lista, com texto de Gustavo Pinheiro e direção de Guilherme Piva, que saiu das telas do computador e ganhou os palcos. O espetáculo fala de amor, vizinhos, amizade, entrega, tristeza, velhice, chatice e solidão. Aborda, de forma comovente, as alegrias e agruras de se morar sozinha em Copacabana, um dos lugares onde o mundo quer passar férias.
A atriz Lilia Cabral brinca com as palavras e arranca muitas risadas da plateia, que não se cansa de elogiar a performance dela e de sua filha, Giulia. As duas vêm batendo bola desde 2020, antes de forma virtual, e agora presencialmente. “No virtual a peça tinha em torno de 50 minutos, mas vi que daria para fazer mais e estreamos no palco também’’, disse Lilia Cabral, que, apesar dos muitos anos de profissão, ainda se emociona no palco.
O texto de Gustavo Pinheiro encanta a todos e é de uma leveza ímpar assim como a direção de Guilherme Piva, os cenários de JC Serroni e a iluminação de Wagner Antônio. Sem dúvida, uma excelente diversão que também nos faz refletir sobre a vida. Mas se apresse, no Rio de Janeiro, a peça pode ser vista hoje (28/10) às 19h e amanhã (29/10) às 17h no Teatro Riachuelo, na Cinelândia. Vale conferir